Do site: https://ndmais.com.br/
Para esclarecer dúvidas, a reportagem do nd+ entrou em contato com três especialistas que analisaram o que pode e o que não pode ser usado. Confira:
Dr. Daniel Santos Mansur (Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia)
Qual a opção mais eficaz para se proteger?
Mais importante do que o álcool gel é lavar muito bem as mãos com água e sabão. O álcool gel deve ser usado apenas por quem não está em casa, passa o dia todo na rua e não tem a opção da água e sabão.
Na falta do álcool gel é possível usar o álcool líquido?
Álcool com concentração suficiente para fazer a desinfecção, tudo bem. Mas volto a repetir, a melhor dica que existe é focar em lavar as mãos. O vírus tem uma membrana líquida e o sabão faz com que essa membrana seja destruída.
Existem opções como o lenço umedecido antisséptico, álcool swab (mini lenços usados em laboratórios de análise clínica), ou mesmo sprays antissépticos, com gluconato de clorexidina. Eles são opções viáveis?
Essas opções são produtos antissépticos. Não digo que não funcionem, mas não tem a mesma eficácia. A composição de cada um deles precisa ser vista individualmente, cada fabricante têm um modelo diferente.
Dr. Luiz Escada – médico infectologista
Quais as diferenças do álcool líquido para o álcool gel?
O álcool gel foi criado justamente para isso [higienizar as mãos], ele possui uma concentração de álcool com capacidade para penetrar a pele. O álcool líquido vai cair no chão, não conseguindo higienizar completamente as mãos, deixando-a desprotegida.
Posso usar álcool com maior concentração?
Isso é perigoso, pois pode machucar a pele. Isso pode aumentar ainda mais o risco de pegar alguma doença. Com a mão machucada, a facilidade de transmissão aumenta.
O vinagre pode ser utilizado como substituto?
Na verdade o vinagre tem um poder antisséptico ruim, além do mau cheiro. Se você quer usar alguma coisa para se proteger, seria o álcool comum a 70%. Outra questão que tenho ouvido muito é a utilização do álcool utilizado em churrasqueiras. Esse tipo de produto é muito mais agressivo, podendo causar lesões nas mãos.
Usar luvas ajuda a diminuir o contágio?
Não adianta usar luvas, a mão dentro da luva continua suja. Se você colocar a mão na boca, no nariz ou nos olhos, mesmo com a luva, vai haver transmissão.
Qual a principal dica para se proteger?
Água e sabão resolve muito mais do que álcool gel. O ideal é usar o álcool gel em um lugar que você não tem uma pia para lavar as mãos. Por exemplo, estou na rua, acabei tocando em uma maçaneta. Ai sim eu uso o álcool gel. O álcool gel não substitui a lavagem de mãos adequada. De preferência usar sabonete líquido por ser mais prático.
Dr. Gustavo Pinto – médico infectologista
Não tendo sabonete líquido para lavar as mãos, quais outras opções posso utilizar?
Outras opções para lavar as mãos são o detergente, o sabão em barra, além do sabão de coco. Eles funcionam muito bem e não existe o risco de contágio mesmo que outras pessoas os utilizem.
Quando devo utilizar o álcool gel então?
Veja bem, o álcool gel já deve ser tratado como “uma opção”. Ele deve ser preservado apenas para uma situação de emergência onde não tiver água e sabão. Por exemplo, a pessoa entra em casa ou no trabalho, não precisa passar álcool gel, vá no banheiro e lave as mãos com água e sabão, é muito mais eficaz.
Posso utilizar produtos como cloro e água sanitária?
Não. Isso é perigoso, são produto abrasivos e que agridem a pele. Esses produtos devem ser usados para limpeza e desinfecção dos ambientes, utensílios e objetos [chão, superfícies de móveis, maçanetas, corrimão, interruptores de luz], locais onde microrganismos como o coronavírus podem estar presentes. O próprio álcool líquido tem um poder de eliminação de vírus e bactérias, mas pode ser irritante a pele. Uma desvantagem é que ele evapora muito rápido, então você estará exposto rapidamente.
O que pode:
- Sabonete líquido
- Sabão em barra
- Sabão de coco
- Detergente
- Álcool gel 70%
Podem ser utilizados (menos eficácia):
- Álcool líquido 70%
- Lenço umedecido antisséptico
- Álcool swab
- Sprays antissépticos com gluconato de clorexidina
Não pode:
- Cloro
- Água sanitária
- Álcool para churrasqueira
- Vinagre
- Álcool com maior concentração
Recomendações da Anvisa
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomenda aos consumidores a utilização somente de produtos regularizados. O ideal é dar preferência aos saneantes classificados nas categorias “Água Sanitária” e “Desinfetante para Uso Geral”.
Entre eles estão o álcool gel (produzidos à base de etanol, na forma gel e em concentração de 70%), além de hipoclorito de sódio, ácido peracético, quaternários de amônia e fenólicos.
Além disso, para alcançar o resultado esperado, é fundamental seguir as instruções contidas no rótulo do produto quanto à forma de uso, cuidados e equipamentos necessários para sua aplicação.
Orientação
A Agência orienta a população a ter cuidado com informações compartilhadas por meio de aplicativos, como “dicas” de uso de substâncias químicas para a produção caseira de produtos saneantes. Isso não é recomendável e pode colocar a sua saúde e a de outras pessoas em risco, em especial pela falta de eficácia. Além disso, há risco e acidentes que podem provocar queimaduras, intoxicação e irritações.
Por isso, a Anvisa reforça que existem diversos produtos regularizados no mercado, devidamente avaliados e testados, e que são destinados à desinfecção dos ambientes, utensílios e objetos (chão, superfícies de móveis, maçanetas, corrimão, interruptores de luz etc.).
Considerando que ainda não é possível testar os saneantes com ação antimicrobiana para o Covid-19, por enquanto essa informação não constará no rótulo dos produtos. Contudo, os saneantes testados para microrganismos mais resistentes são bons instrumentos para combater a proliferação do novo vírus.
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