Era um mistério que há anos intrigava engenheiros: como a Torre de Pisa consegue resistir a terremotos estando tão inclinada?
Com 58 metros
de altura, o campanário da catedral da cidade italiana de Pisa pende em um
ângulo de cinco graus, o que faz com que fique até cinco metros fora do eixo no
seu topo.
A Toscana, onde
fica a famosa torre, é uma região com muita atividade sísmica, assim como
grande parte da Itália.
Isso se deve à
confluência entre as placas tectônicas africana e euroasiática sobre a qual o
país está localizado.
Desde o início
de construção, que ocorreu entre 1173 e 1372, o monumento passou por pelo menos
quatro grandes terremotos sem sofrer danos, mas, ao contrário de muitos outros
edifícios modernos da área onde está, ela segue em pé.
Uma equipe de
16 engenheiros da Universidade Roma Tre, na Itália, e da Universidade de
Bristol, na Inglaterra, se propuseram a desvendar esse mistério, e conseguiram:
a salvação da torre está no solo logo abaixo dela.
Solo macio
Após estudar os dados sismológicos, geotécnicos e
estruturais disponíveis, os pesquisadores apontam que a razão está em um
fenômeno conhecido como "interação dinâmica entre solo e estrutura"
(DSSI, na sigla em inglês).
Trata-se de uma combinação entre a estrutura da
torre e as carascterísticas do terreno em que ela foi erguida. Por um lado, o
solo é macio e, por outro, a torre é alta e rígida.
Isso faz com que a ressonância de movimentos
sísmicos seja muito menor, reduzindo os efeitos dos tremores sobre o monumento.
Isso foi, segundo um comunicado da
Universidade de Bristol, a chave para sua sobrevivência. A Torre de Pisa detém
um recorde mundial de efeitos DSSI, diz essa equipe de engenheiros.
© Getty Images Ao contrário de construções modernas próximas, a torre não sofreu danos com terremotos |
"Podemos dizer agora que, ironicamente, o mesmo solo que
causou a inclinação da torre
e a levou à beira do colapso também a ajudou a superar
os episódios sísmicos", disse George Mylonakis, do departamento de
Engenharia Civil da Universidade de Bristol.
Os cientistas
apresentarão os resultados deste estudo na 16ª Conferência Europeia de
Engenharia de Terremotos, que será realizada em junho na Grécia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário