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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Nossos jardins escondem relíquias inestimáveis…


Geralmente, não nos damos conta das plantas que crescem espontaneamente ao nosso redor. Estas, que muitos chamam de ervas daninhas, tiriricas ou pragas, escondem poderes medicinais e culinários que só um hortelão observador conhece.
Elas são caracterizadas por rápido crescimento, ótima adaptação climática, fácil dispersão e germinação e alta longevidade, mesmo em solos mal cuidados. Estas plantas são boas indicadoras da condição do solo, pois cada uma surge em uma condição específica.
Porém…
Apesar de todas estas características, elas são temperamentais. Muitas vezes queremos fazer um cultivo forçado, porém isto não acontece.
Existe uma variedade muito grande de matos que crescem espontaneamente e suas presenças variam de região para região e de solo para solo. As que mais encontramos aqui no viveiro Sabor de Fazenda são:
  • Beldroega (Portulaca oleracea): cresce em solo rico em matéria orgânica, portanto ter ela crescendo espontaneamente em nosso jardim é um bom sinal. Esta espécie é chamada de beldroega de verão, nas regiões mais frias, como Argentina, cresce também a beldroega de inverno (Claytonia perfoliata). Em nossas condições, suas sementes germinam o ano todo. Possui propriedades diuréticas e ajuda nos movimentos peristálticos do intestino. As folhas apresentam um sabor picante e podem ser consumidas cruas em saladas, picles, bolinhos, tempuras, salteadas e em omeletes e sanduíches.
Beldroega (Portulaca oleracea) ©Sabor de Fazenda
Beldroega (Portulaca oleracea) ©Sabor de Fazenda
  • Mentruz (Coronopus didymus): possui sabor bem mais picante que a beldroega. É consumida na forma de saladas e para temperar aguardentes. Cresce frequentemente na região Sul do Brasil e propaga-se apenas através de sementes. Não deve ser confundida com a planta mastruz (ou erva de Santa Maria).
Mentruz (Coronopus didymus) ©Sabor de Fazenda
Mentruz (Coronopus didymus) ©Sabor de Fazenda
  • Mastruz ou erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides): possui propriedades vermicidas e é utilizada popularmente como inseticida doméstico para afastar pulgas. Propaga-se exclusivamente sob a forma de sementes. É encontrada em praticamente todo o país, porém raramente apresenta grandes infestações. As folhas são usadas como condimento, principalmente no México, como para temperar pratos à base de feijão, cogumelos, milho verdes e em sopas.
Mastruz ou erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides) ©Sabor de Fazenda
Mastruz ou erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides) ©Sabor de Fazenda
  • Caruru (Amaranthus spp.): também conhecida como amaranto, é muito rica em ferro. Suas folhas podem ser consumidas, porém somente cozida. As sementes torradas são deliciosas em saladas e sucos. Geralmente, é encontrada em locais ricos em matéria orgânica, portanto é uma planta indicadora de solos bons, ricos em potássio e bem drenados. Existem cerca de 7 espécies chamadas de caruru, sendo que a Amaranthus lividus é a que mais encontramos aqui no viveiro
Caruru (Amaranthus deflexus) ©Sabor de Fazenda
Caruru (Amaranthus spp.) ©Sabor de Fazenda
  • Dente de leão (Tanaxacum officinale): é um mato espontâneo típico de inverno. Suas folhas têm um sabor amargo e podem ser utilizadas em saladas. Devem-se usar as folhas mais jovens, pois as mais velhas são muito amargas e duras. Possui propriedades digestivas.
Dente-de-leão (Taraxacum officinale) ©Sabor de Fazenda
Dente-de-leão (Taraxacum officinale) ©Sabor de Fazenda
  • Serralha (Sonchus oleraceus): parente próximo do dente-de-leão, porém possui um porte maior. Pode ser consumida em saladas ou refogada. Propaga-se exclusivamente através de sementes e vegeta nos períodos de inverno-primavera, principalmente.
Serralha (Sonchus oleraceus) ©Sabor de Fazenda
Serralha (Sonchus oleraceus) ©Sabor de Fazenda
  • Tansagem (Plantago tomentosa): razoavelmente frequente nas regiões Sul e Centro-Oeste, sendo a espécie de Plantago mais comum no Brasil. Cresce em solos pouco movimentados, sem uso e mais intensamente durante os períodos de temperaturas mais amenas do ano. Tolera solos de baixa fertilidade e arenosos. Muito utilizada na medicina popular.
Tansagem (Plantago tomentosa) ©Sabor de Fazenda
Tansagem (Plantago tomentosa) ©Sabor de Fazenda
Outras plantas consideradas espontâneas que podemos encontrar no nosso jardim:
As plantas espontâneas, além de serem usadas na culinária e medicina, são muito importantes para o controle ecológico da horta. A presença delas funciona como um atrativo para pragas e doenças e acaba deixando nossas plantas cultivadas livres deles. Olhem com a serralha está repleta de pulgões, com isto, as plantas do entorno ficam livres deles:
Serralha infestada por pulgões ©Sabor de Fazenda
Serralha infestada por pulgões ©Sabor de Fazenda
Aqui no viveiro nós deixamos estes matos crescerem livremente nas áreas abaixo das bancadas, assim eles protegem nossas mudas comerciais que ficam em cima das bancadas. Vejam a grande variedade de matos espontâneas e como eles estão robustos…um sinal de bom solo:
Plantas espontâneas debaixo das bancadas ©Sabor de Fazenda
Plantas espontâneas debaixo das bancadas ©Sabor de Fazenda
O grau de desenvolvimento da planta espontânea é também um bom indicador da qualidade do solo. Em solos ruins estas plantas apresentam-se pouco desenvolvidas e muito rapidamente apresentam floração, por isso plantas de pequeno porte, com folhas pequenas e com muitas florações são típicas de solos pobres e mal cuidados. Já em solos bons, estas plantas alcançam um porte maior e a floração aparece mais tardiamente. Vejam nas imagens abaixo o picão-preto de uma área de solo ruim (esquerda) e outro de solo bom (direta):
Por isto tudo, devemos reverenciar a presença destas relíquias em nossos jardins. De maneira controlada, elas sempre serão muito bem vindas na horta e na nossa cozinha. Lembrando que, se você não tem certeza de qual espécie se trata, não consuma e também nunca utilize matos espontâneos que cresceram nas ruas e calçadas.

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